De acordo com dados do IBGE, uma em cada três crianças de cinco a nove anos estão acima do peso. Os dados são tão alarmantes que a obesidade infantil ganhou status de epidemia. No mês de conscientização contra a obesidade mórbida infantil, conversamos com alguns especialistas sobre o assunto.
De acordo com a médica pediatra Talytha da Costa Coelho Sallum, a pandemia colaborou com o aumento da obesidade em crianças. “O sedentarismo, o aumento do uso de telas (computador e celular) e o isolamento colaboraram com crianças mais ansiosas e descontando suas frustrações na comida”, explica.
Os dados ainda revelam outro dado preocupante. A chance de crianças obesas se tornarem adultos obesos é de 75%. E os problemas relacionados à saúde começam ainda na infância. “A obesidade causa impacto direto na saúde como aumento da chance de doenças cardiovasculares, hipertensão, diabetes e até doenças osteoarticulares”, explica a pediatra.
Ainda de acordo com a médica, a genética pode influenciar para o aumento de peso, mas não é fator determinante. “O ambiente ajustado com uma vida saudável ativa pode mudar esse destino. O primeiro passo é estabelecer uma rotina alimentar saudável de toda família, além de atividade física regular e deixar os industrializados para o fim de semana e em quantidades controladas”, sugere.
Os prejuízos de uma alimentação desequilibrada na infância vão além de problemas físicos. “A criança pode apresentar autoestima rebaixada, ser vítima de bullying e até desenvolver depressão infantil”, explica a psicóloga e professora do Curso de Psicologia, Tatiana Valéria Moreira.
A professora da disciplina de Psicologia do Desenvolvimento explica também que muitos fatores emocionais podem levar a criança a desenvolver compulsão alimentar. “Quando se diz para uma criança engolir o choro, isso pode gerar ansiedade e fazer essa criança engolir outras coisas também”, diz.
O papel dos pais
Todos os profissionais são unânimes em afirmar que o papel dos pais na relação criança – comida é fundamental. “Os pais são a base influenciadora dos hábitos alimentares e estilo de vida da criança. Ao avaliar a ingestão alimentar de uma criança em consulta nutricional, deve-se sempre aproveitar a oportunidade de se verificar os hábitos e padrões alimentares da família, pois eles exercem um papel fundamental na dieta da criança”, afirma a Coordenadora dos Cursos de Nutrição e Gastronomia, Profa. Cyntia Rosa Melo Ribeiro Borges.
“Para o desenvolvimento de um estilo alimentar saudável de uma criança, não é importante apenas aquilo que os pais escolhem dar, mas também como o fazem, a forma como lidam com a alimentação dos filhos e os comportamentos que adotam para incentivar uma alimentação saudável”, complementa a Profa. Cyntia.
E a alimentação saudável deve começar cedo, já nos primeiros anos da criança. “Após os dois anos de idade, a criança se alimenta praticamente do mesmo modo que os outros integrantes da família, por isso nesse momento é tão importante que as pessoas próximas deem o exemplo”, explica.
Tatiana Valéria também orienta a ter uma conversa aberta com a criança. “A obesidade não deve ser encarado como um problema velado. Pode-se conversar sobre o assunto com a criança e o enfoque não deve ser a questão estética ou a aparência, mas sim a saúde”, afirma a psicóloga.
A alimentação do meu filho não é boa. E agora?
Se os pais começaram a introduzir doces e alimentos artificiais, ainda dá tempo de equilibrar essa balança. A professora Cyntia apontou uma série de sugestões. Anote aí:
“Essas ações podem desencadear uma mudança positiva na qualidade alimentar, mas é bom lembrar que mudanças requerem tempo, paciência e repetição”, conclui Cyntia.